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O Dr. Manuel Luciano da Silva nasceu a 5 de setembro de 1926, em Cavião, Vale de Cambra (distrito de Aveiro). Completou o ensino secundário numa escola de Oliveira de Azeméis. Em 1946 foi com a família para Nova Iorque, onde já se encontrava o seu pai emigrado. Tornou-se então secretário no Consulado Português, em Nova Iorque e inscreveu-se num curso de inglês.


Entre 1948 e 1952, o Dr. Manuel Luciano da Silva completou o curso de Biologia na Universidade de Nova Iorque. Em 1952, com a morte do pai, regressou a Portugal e ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Em 1957, concluiu então o curso com distinção. Um ano depois, regressou aos EUA, onde iniciou um estágio no Hospital St. Luke's, em New Bedford, no estado de Massachusetts. O Dr. Manuel Luciano da Silva realizou ainda uma especialização em Medicina Interna. E foi neste período 

que conheceu a “Dighton Rock” e a teoria portuguesa, defendidas por Delabarre e Fragoso, que afirmavam que as inscrições da pedra apontavam para a presença naquele território do terceirense Miguel Corte Real, filho de João Corte Real, 1º capitão donatário de Angra.


A 2 de novembro de 1959, juntamente com o seu colega o Dr. Charles Dupont, o Dr. Manuel Luciano da Silva tirou fotografias da pedra, decalcou as formas de símbolos que provavam a presença do terceirense junto ao rio Taunton. Participou, no ano seguinte (1960), no I Congresso Internacional dos Descobrimentos, em Lisboa, onde apresentou a sua descoberta da quarta Cruz da Ordem de Cristo e reafirmando a Teoria Portuguesa da Pedra de Dighton. Apesar de alguma apatia por parte de muitos presentes no Congresso, o Dr. Manuel Luciano da Silva iniciou o seu combate pela defesa do que acreditava. Lutou para que a Pedra de Dighton fosse retirada do rio Taunton, e conseguiu. Além disso, foi criado um museu em torno da Pedra, em Massachusetts, do qual foi diretor, merecendo o apoio de muitos investigadores.


Dr. Manuel Luciano da Silva

Em 1963, o Dr. Manuel Luciano da Silva iniciou a sua atividade como médico associado no Bristol County Medical Center. Tendo sido um dos médicos de maior prestígio em toda a Nova Inglaterra. A sua relação com os emigrantes portugueses era de tal ordem, que raramente cobrava pelas suas consultas. A partir de 1969, e devido aos seus esforços, os vistos que eram carimbados nos passaportes americanos,  quando se ia visitar os Açores, foram simplesmente eliminados. Manteve uma grande relação com Açores e os açorianos, fazendo grandes amigos na nossa região e em todo o espaço nacional.

Nunca deixando de ser médico, autointitulava-se também “Historiador amador”, assim sendo, apaixonou-se pela teoria da portugalidade de Cólon (Colombo), tendo sido o descobridor das primeiras provas documentais (Bulas Papais de Alexandre VI, do final do século XV), encontradas sobre a nacionalidade portuguesa do descobridor da América, na Biblioteca do Vaticano. Publicou, com sua esposa, companheira de vida e de investigação, Sílvia Jorge da Silva, o livro Era Cristovão Colón (Colombo) português?, provando que Cólon havia nascido em Cuba, no Alentejo.

Nos anos seguintes, o Dr. Manuel Luciano da Silva tornou-se o maior divulgador da importância dos portugueses na História da Humanidade, investigando as descobertas nacionais dos séculos XV e XVI e defendendo que foram os portugueses os primeiros europeus a colonizar o continente americano. Foi condecorado, então, em 1968, com o grau de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República.

Durante 21 anos, o Dr. Manuel Luciano da Silva foi diretor médico do Rhode Island Veteran’s

Home, em Bristol, tendo-se reformado da atividade médica, em 1998. Manteve também durante mais de 30 anos programas semanais regulares em canais de Rádio e de Televisão de língua portuguesa junto das comunidades, liderando inúmeras instituições ligadas a Portugal. Realizou ainda mais de 400 conferências com projeção de audiovisuais em Universidades, Sociedades Históricas, Centros Rotários, etc. Tornou-se no único emigrante português que em vida teve um Museu com o seu nome e uma Associação Cultural com Estatuto de Utilidade Pública em território nacional. Era assim um dos portugueses mais respeitados nos EUA e no mundo.

Nos últimos anos, dava quinzenalmente consultas médicas por videoconferência para as populações da sua terra natal, além de ter dado aconselhamento médico em direto para os canais portugueses RTP e SIC. Além disso, a sua vida inspirou o centenário realizador português Manoel de Oliveira a realizar um filme sobre a sua vida e obra (Cristóvão Colombo – O Enigma), premiado na Bienal de Veneza, em 2008.

O Dr. Manuel Luciano da Silva defendia que os historiadores deviam ser como os médicos e utilizar microscópio. Alguns dos seus livros, nomeadamente sobre a Pedra de Dighton e sobre Cristóvão Colon, bem como o conhecido trabalho na área da medicina A Eletricidade do Amor, todos publicados tanto em português, como inglês, esgotaram várias edições. Em 2011, foi ainda condecorado com Grau de Comendador da Ordem de Mérito. Além que a Dra. Graça

Home, em Bristol, tendo-se reformado da atividade médica, em 1998. Manteve também durante mais de 30 anos programas semanais regulares em canais de Rádio e de Televisão de língua portuguesa junto das comunidades, liderando inúmeras instituições ligadas a Portugal. Realizou ainda mais de 400 conferências com projeção de audiovisuais em Universidades, Sociedades Históricas, Centros Rotários, etc. Tornou-se no único emigrante português que em vida teve um Museu com o seu nome e uma Associação Cultural com Estatuto de Utilidade Pública em território nacional. Era assim um dos portugueses mais respeitados nos EUA e no mundo.

Castanho, diretora regional das Comunidades, em representação do presidente do Governo Regional dos Açores Carlos César, participou nas comemorações dos 500 anos da presença portuguesa nos EUA, no mesmo local onde o primeiro açoriano terá pisado terra americana, presididas pelo Dr. Manuel Luciano da Silva.

A 21 de outubro de 2012, faleceu, vítima de um colapso cardíaco. Durante toda a sua vida entregou-se de paixão à Medicina e à História, tendo, até ao último dia, trabalhado em prol da educação do grande público sobre a História Luso-Americana.


Francisco Miguel Nogueira,
Mestre em História Moderna e Contemporânea, Especialidade em Relações Internacionais
Historiador/Investigador

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